Com todos os lugares ocupados da sala Edson Bueno, no COPPEAD, aconteceu na manhã de ontem, dia 13 de março, o primeiro Debates em Saúde do ano, evento promovido pelo Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde (CESS), que teve como tema principal a doação e o transplante de órgãos.
A responsável pela fala de abertura foi a professora do COPPEAD e coordenadora do CESS, Claudia Araújo, que deu boas-vindas aos participantes e destacou a importância de eventos como esse para discutir temas tão importantes e os rumos do setor de saúde hoje.
Logo após, o coordenador da Central de Transplantes de Santa Catarina e doutorando COPPEAD, Joel de Andrade, fez a primeira palestra da manhã. Na ocasião, Andrade expôs os impressionantes números alcançados pelo estado sul-brasileiro. Segundo ele, Santa Catarina, nos últimos três anos, conseguiu superar a meta de mais de 30 doadores efetivos de múltiplos órgãos por milhão de pessoas. Este é o melhor índice já alcançado na história do país.
O modelo de doação utilizado no estado catarinense foi adaptado da Espanha. A base do modelo é a implementação de uma coordenação de transplantes que prevê a presença de um grupo em cada unidade hospitalar
Em seguida, a convidada especial do seminário, a coordenadora da Organización Nacional de Transplantes da Espanha, Carmen Segovia, fez uma brilhante fala focada na humanização de todo o processo de doação e transplante, desvendando os porquês de o sistema espanhol ser considerado referência mundial nesta área. O país europeu da península ibérica é líder mundial em doação de órgãos desde 1992.
Um dos pontos destacados por Segovia foi o fato do sistema espanhol investir muito pouco em campanhas de doação de órgãos. O foco é na capacitação dos profissionais responsáveis e também em um fluente e produtivo diálogo com a imprensa, o que possibilita assim a conscientização constante da população.
Dando continuidade ao debate, a coordenadora geral do Sistema Nacional de Transplante do Ministério da Saúde no Brasil, Rosana Nothen, foi a terceira convidada a palestrar. Nothen destacou os desafios do governo federal para superar as atuais dificuldades. Segundo ela, uma das principais metas é reduzir a taxa de recusa familiar, que atualmente é de 43%.
Após, o coordenador do Programa Estadual de Transplantes e doutorando do COPPEAD, Rodrigo Sarlo, apresentou os dados de doação e transplante do Rio de Janeiro. Sarlo destacou também as estratégias de curto e longo prazo colocadas em prática durante a sua gestão, destacando que meta de crescimento para o próximo ano é de 10%.
Depois, o responsável pela palestra de encerramento, o pesquisador do IPEA, professor da UERJ e pós-doutorando do COPPEAD, Alexandre Marinho, abordou questões de cunho macro econômico pertinentes a todo processo de doação e transplante de órgãos no Brasil. Segundo ele, o país ainda precisa evoluir muito neste sentido para atingir os níveis desejáveis.
Na parte final do seminário, como já estava previsto, uma provocativa e instigante discussão foi promovida entre os participantes sob a mediação do vice-presidente da ADOTE e pós-doutorando COOPEAD, Rafael Paim. Os desafios do sistema brasileiro de doação e transplante, além das questões culturais e sociais que por vezes dificultam determinadas evoluções na área, foram as principais pautas do debate.
O público presente, que compareceu em ótimo número, demostrou estar muito satisfeito com esta nova proposta de evento do CESS. Para o diretor de enfermagem do Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo, Deyvid Mattei, o debate foi muito gratificante. “Nós, que estamos dentro do setor e lidamos somente com o paciente, muitas vezes não observamos estas macro questões expostas aqui, que abrangem todo o sistema”. Neste sentido, completou ele, “o seminário conseguiu apontar para onde devemos atacar, quais os pontos precisamos trabalhar, até mesmo nas questões econômicas, observando o que os outros profissionais estão fazendo no Brasil e no mundo”.
O próximo “Debates em Saúde” acontecerá no dia 23 de maio. A temática central será Liderança Inovadora em Saúde.