2021

Custo-Efetividade dos Cuidados Paliativos Oncológicos

Autoria:

Claudia Naylor Lisboa,

Orientação:

Claudia Araujo

Abstract:

O impacto mundial do câncer e seus custos têm merecido destaque por parte dos sistemas de saúde, principalmente aqueles que possuem acesso universal. A carga imposta aos sistemas de saúde pelo cuidado com o câncer se mostra especialmente significativa no último ano de vida, período que vem merecendo especial atenção de formuladores de política e gestores, pela maior intensidade no uso de recursos. No entanto, os pacientes oncológicos e suas famílias recebem cuidados de qualidade inadequada, caracterizada por fragmentação, uso excessivo de recursos, erros e baixa qualidade de vida, questões reconhecidamente minimizadas pelos cuidados paliativos, que objetivam a qualidade de vida, num enfoque holístico e não curativo. Dentro de um contexto de recursos de saúde sempre escassos e finitos, os cuidados paliativos competem com outras áreas de assistência e seu financiamento é considerado inadequado, em comparação com outras áreas da saúde. Os cuidados paliativos se apresentam com pontuação bastante baixa na métrica padrão de análise de custo-efetividade (QALY), utilizada para informar as decisões sobre a alocação de recursos na área de saúde. Portanto, é necessário mostrar não apenas que eles produzem resultados valiosos, mas que esses resultados são, no mínimo, tão importantes quanto aqueles produzidos pelos usos alternativos aos quais os recursos propostos poderiam ser aplicados. Neste contexto, o objetivo desta tese foi mapear a literatura nacional e internacional existente sobre o impacto do processo de cuidados paliativos quanto ao uso de recursos, custos e qualidade dos cuidados em pacientes com câncer ao final da vida, com atenção especial aos países em desenvolvimento. Evidências internacionais disponíveis sobre custos e custo-efetividade das intervenções em cuidados paliativos, de uma maneira geral, têm demonstrado um padrão consistente nos resultados. Os cuidados paliativos são menos onerosos em relação aos grupos comparativos, sendo essa diferença estatisticamente significativa, na maioria dos casos. Em que pese a discrepância na produção científica sobre o tema pelos países em desenvolvimento, o mesmo resultado positivo na diminuição de gastos com o acesso aos cuidados paliativos pode ser observado nos artigos produzidos na região. Os estudos destacam o uso extenso de cuidados agressivos ao fim da vida, principais impulsionadores do uso de recursos e despesas. Ao mesmo tempo, observa-se que os cuidados paliativos permanecem subutilizados, mesmo nos países desenvolvidos, ainda que disponíveis e associados a redução de gastos. Apesar da grande variação no tipo e características entre os estudos, os resultados indicam consistentemente que os cuidados paliativos diminuem os custos no período de final de vida quando comparados com os cuidados habituais.

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